por Rute Araújo, Publicado em 15 de Abril de 2010
Júri muda regras e permite que oito candidatos eliminados fiquem com uma das 30 vagas. Providência cautelar entregue na justiça
O concurso lançado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) para o ingresso na carreira diplomática está sob suspeita. E agora passou a estar em risco. Uma providência cautelar foi entregue em tribunal para impedir que a lista de nomes escolhidos pelo júri ocupem os cargos. É que uma mudança das regras de selecção a meio do concurso permitiu que oito candidatos excluídos nas primeiras provas acabassem por se manter na corrida e, no final, ficassem com um dos 30 lugares disponíveis.
Os 30 seleccionados pelo júri já estão desde o início de Abril em Lisboa a receber formação. Mas ainda não ocuparam os cargos devido à acção interposta em tribunal. O concurso que permite entrar nos serviços da diplomacia portuguesa está envolto num cenário de suspeição por alegado favorecimento a alguns dos candidatos que ficariam excluídos se, a meio da selecção, o júri não tivesse decidido mudar o regulamento.
Eram 1118 concorrentes para apenas 30 lugares. As regras determinaram que fossem postos à prova em seis exames sucessivos, funcionando cada um deles como eliminatória - uma nota abaixo de 14 valores daria exclusão automática. Mas, à quarta prova, a última antes das entrevistas presenciais, deu-se um revés.
Na avaliação escrita de conhecimentos passaram 40 e 165 foram eliminados. O júri não ficou contente com este resultado e, numa acta a que o i teve acesso, entendeu por unanimidade "alargar a base de selecção", alegando "ser conveniente para o bom andamento do processo" ter mais candidatos nas provas seguintes. E atribui uma bonificação de 5% a cada um dos candidatos, o que permitiu a 16 serem reintegrados no concurso quando o regulamento determinaria a sua exclusão. Em vez de seguirem 40 para as avaliações através de entrevistas em presença, seguiram 56.
Destes 16 candidatos repescados, oito acabaram por ser escolhidos para um dos 30 lugares de adido. A reviravolta determinada pelo júri num concurso com regras fixas e aprovadas previamente pelo ministro Luís Amado criou entre os candidatos excluídos uma onda de suspeitas sobre a falta de clareza no processo e possível favorecimento. O que acabou por resultar em contestações através de dois recursos e uma providência cautelar, confirmou ao i o Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Confrontado com uma eventual irregularidade e chamado a pronunciar-se, o secretário-geral, em quem o ministro delega competências nesta matéria, terá respondido que não houve favorecimento porque a bonificação foi dada, por igual, a todos os 204 candidatos. E, por isso, indeferiu os recursos. Certo é que sem ela, a lista final dos admitidos seria outra.
O lugar de adido é a porta de entrada para a carreira diplomática. Quando lançados, estes concursos sem periodicidade fixa são vistos como oportunidades únicas para conseguir um lugar numa embaixada portuguesa no mundo.
Questionada pelo i, fonte oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros responde: "O processo de selecção dos candidatos foi confiado a um júri composto por três embaixadores, um dos quais que o preside, e três docentes universitários". O gabinete de Luís Amado diz que o ministro apenas procedeu à homologação da lista final, apurada "em reunião do júri" e "por ele estabelecida". Confirma ter sido notificado da providência cautelar no primeiro dia do curso de formação dos seleccionados, a 6 de Abril, referindo que esta "visa acautelar a frequência daquele curso por um dos candidatos não aprovados". O MNE vai responder à providência cautelar.
Comentários no i
Manuel Soares comentou
A revista Sábado publicou uma reportagem sobre esta vergonha. Alargaram a base de selecção porque havía alunos que nem sabiam qual o partido do Sócrates, outros não sabiam o nome de um único artista nacional e, a maioría sabía, sabe, menos que certos miúdos da escola. Completos analfabetos com canudo. É esta gente que quer representar Portugal no mundo. Está um país bem entregue. Lol.
Retirado de ionline.pt
Caro Manuel Soares, alargaram a base de selecção porque as "cunhas" tinham chumbado na prova escrita de conhecimentos... Não deturpe a informação...
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